Adjuvantes: impacto na eficácia de vacina de subunidade contra leptospirose
Resumo
O maior desafio para o desenvolvimento de vacinas baseadas em subunidades proteicas, recombinantes ou purificadas e peptídeos sintéticos, reside no fato destas serem pouco imunogênicas e mobilizarem uma resposta imunoprotetora insuficiente. Adjuvantes são utilizados associados a estas subunidades com o intuito de amplificar e direcionar a resposta imune induzida. Na atualidade, existe uma grande gama de compostos que demostram ação adjuvante, contudo, poucos são aprovados para uso humano, e estes muitas vezes falham em induzir resposta imune adequada contra determinado agente patogênico. Assim, existe a necessidade do desenvolvimento de novos adjuvantes que sejam seguros, efetivos e representem uma alternativa aos atualmente disponíveis. No presente estudo, utilizamos como antígeno modelo a porção não-idêntica da proteína LigA (Leptospiral immunoglobulin-like protein A) de Leptospira spp., uma proteína de membrana externa de grande interesse como mediadora de mecanismos de patogenicidade, utilizada em sorodiagnóstico e em vacinas experimentais. Esta proteína foi associada a diferentes adjuvantes, e as formulações testadas quanto ao
seu potencial imunoprotetor em hamsters desafiados com cepa virulenta de Leptospira interrogans sorovar Copenhageni. Para isso, a proteína LigAni foi produzida em sua forma recombinante (rLigAni) utilizando Escherichia coli como
sistema de expressão e associada ao polissacarídeo xantana, em suas variantes xantana pruni cepas 106 (X1) e 101 (X2), xantana comercial, e também ao oligodinucleotídeo CpG (CpG ODN), nanotubos de carbono (CNTs) e hidróxido de
alumínio (Alhydrogel). Formulações contendo rLigAni associada ao polissacarídeo xantana e aos CNTs induziram títulos de anticorpos IgG significativos e comparáveis aos induzidos quando a proteína foi associada ao Alhydrogel. Proteção contra o desafio letal foi observada em 100%, 100%, 67% e 50% dos hamsters imunizados com rLigAni-X1, rLigAni-CpG-X1, rLigAni-Alhydrogel e rLigAni-X2, respectivamente
(Fisher test P < 0,05). As preparações contendo rLigAni associada aos CNTs, embora tenham induzido resposta de anticorpos, falharam em conferir imunoproteção. Adicionalmente, os adjuvantes xantana e CNTs não se mostraram tóxicos em células de ovário de hamster Chinês (CHO), in vitro. Os resultados desse estudo apontam a xantana como um novo adjuvante para vacinas de subunidade
contra leptospirose, apresentando a propriedade de potencializar a resposta imune contra o antígeno, além de biocompatibilidade e a possibilidade de redução no número de doses requeridas para proteção.