Iscas tóxicas no controle de Linepithema micans (Forel, 1908) (Hymenoptera: Formicidae) e Eurhizococcus brasiliensis (Wille, 1922) (Hemiptera: Margarodidae) na cultura da videira
Resumo
A pérola-da-terra Eurhizococcus brasiliensis (Wille, 1922) (Hemiptera: Margarodidae)
é uma cochonilha subterrânea que ataca raízes de plantas cultivadas e silvestres. A
espécie é considerada a principal praga da videira no Brasil. No primeiro ínstar, a
dispersão da cochonilha é realizada com o auxílio de formigas doceiras principalmente
a Linepithema micans (Forel, 1908) (Hymenoptera: Formicidae) que se associa à
cochonilha na busca de excrementos açucarados. Nesse trabalho, foi avaliado o efeito
de iscas tóxicas a base de hidrametilnona no controle de L. micans, e
consequentemente, na infestação de E. brasiliensis em novos plantios de videira.
Inicialmente foi realizado um experimento em vasos em casa de vegetação em
outubro de 2014 com a finalidade de selecionar formulações de iscas tóxicas à base
de hidrametilnona (“grânulo pequeno”, “grânulo grande”, tipo “cereal” e gel) para o
controle de L. micans. As iscas tóxicas foram oferecidas ad libitum em porta-iscas com
substituição semanal. As avaliações foram realizadas semanalmente registrando o
número de formigas forrageando a cada 10 minutos durante uma hora sobre uma
solução aquosa de açúcar invertido 70%. A melhor formulação de isca tóxica
selecionada em casa de vegetação foi avaliada a campo em dois experimentos,
realizados em áreas naturalmente infestadas pela pérola-da-terra e por L. micans. No
primeiro, foram efetuadas aplicações semanais de 450 g/ha da isca tóxica em Flores
da Cunha, RS, e no segundo, foi avaliado uma e três aplicações semanais da mesma
dose em Caxias do Sul, RS. Mudas do porta enxerto Paulsen 1103 foram plantadas
em agosto de 2014 para o experimento em Flores da Cunha e em novembro de 2015
no experimento de Caxias do Sul, respectivamente. O monitoramento populacional
das formigas foi feito semanalmente através de armadilhas subterrâneas do tipo
“pitfall” utilizando mel e sardinha embebidos em algodão. A avaliação dos
experimentos foi realizada em maio de 2015 (Flores da Cunha) e 2016 (Caxias do
Sul), contando o número de cochonilhas presentes nas raízes. No experimento em
casa de vegetação, a isca tóxica a base de hidrametilnona formulada em “grânulo
pequeno” e “grânulo grande” controlaram a população de formigas nas primeiras
quatro semanas após o fornecimento da isca. A isca tóxica formulada em gel também
proporcionou mortalidade de 100% da população de formigas, no entanto seu controle
foi mais lento, quando comparado as outras formulações. A isca “cereal” não
proporcionou controle das formigas. A isca tóxica formulada em “grânulo pequeno”
selecionada como a mais eficaz em casa de vegetação, fornecida semanalmente no
campo, controlou a população de L. micans em 100% reduzindo a infestação da
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pérola-da-terra em 99,9%. Quando o número de aplicações da isca foi reduzido para
1 a 3, houve um controle de 100% na população de formigas no tratamento que
recebeu três aplicações até a quarta semana após o fornecimento da isca, porém as
colônias se restabeleceram ao longo do experimento e os tratamentos (uma e três
vezes) não foram eficazes no controle das espécies. Conclui-se que a formulação
granulada à base de hidrametilnona “grânulo pequeno” é eficiente no controle de L
micans em casa de vegetação e em aplicações semanais no campo. Aplicações de
uma e três vezes da isca tóxica não proporcionaram controle satisfatório das espécies
sendo necessário ajustar o número de tratamentos para um controle eficaz e
econômico de E. brasiliensis e L. micans.
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