Processo identitário da Rede de Sementes Agroecológicas Bionatur: a experiência na percepção dos agricultores
Resumo
A tese analisa o processo identitário que distingue e caracteriza uma experiência
peculiar e pioneira na produção de sementes de hortaliças em sistemas
agroecológicas, a Rede de Sementes Agroecológicas Bionatur, constituídas há 18
anos, por agricultores assentados na região sul do RS. Através da análise busca-se
compreender o processo de diferenciação social que perpassa a trajetória evolutiva
da experiência inserida ao contexto das relações de produção vigentes, suas
delimitações e perspectivas. A identidade é considerada em uma perspectiva crítica
rejeitando-se os tratamentos usuais essencialistas e reificadores, que buscam
caracterizar as diferenças, naturalizando-as. O processo identitário é analisado a
partir da percepção dos agricultores, voltando-se para a experiência em si, buscando
compreendê-la a partir da própria lógica que a constitui, na dinâmica que a define e
possibilita, e como a experiência se reinventa, e permanece a partir das opções
realizadas, em meio a um contexto tão adverso. A abordagem visa compreender o
processo identitário a partir da percepção em evolução de cinco elementos interrelacionados: (i) atores sociais, (ii) o contexto geral, (iii) o que está em disputa, (iii)
normas valores e dinâmicas de convivência, (iiii) a práxis cotidiana. Foram realizadas
21 entrevistas individuais semiabertas e 6 momentos coletivos de debate. Os
resultados apontam que a identidade manifesta-se em estreita relação com o
contexto nos diversos elementos considerados, sendo que o processo de
diferenciação social percorre a trajetória atuando na determinação da experiência e
deixando evidentes as relações de poder e as fronteiras estabelecidas. As normas,
valores e práticas de convivência demonstraram-se como uma fortaleza do processo
identitário, correspondendo às práticas sociais desenvolvidas e incorporadas ao
cotidiano da experiência. Quanto ao sistema de produção, verificou-se que a
produção de sementes é percebida em integração as demais atividades produtivas,
representando um modo de viver na e da agricultura. A identidade, então assume
um caráter político na defesa e afirmação do que faz, e como o faz.
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