dc.description.abstract | As vozes caladas pela hegemonia dos teóricos europeus e estadunidenses – “especialistas” ocidentais tradicionalistas, defensores das práticas coloniais de “civilizar” por meio da “arte universalista” “erudita” – soam e ressoam nas páginas deste projeto editorial, organizado por Eleonora Campos da Motta Santos e Rousejanny da Silva Ferreira: um grito, um despertar para uma consciência sobre o silenciamento de quem de fato foi a base da ascensão e permanência do balé. Falar pela perspectiva pedagógica sobre as visibilidades Negras e sobre a ação de questionar, revisitar e compreender o conceito de repertório foi o veículo para se iniciar o potente brado que leva ao entendimento mais profundo e real sobre o balé.
Logo de início, o primeiro núcleo temático nos traz a discussão sobre o lugar do balé como prática educacional, suas possibilidades nesta área. Na práxis, o sucateamento da formação educacional pública e a transformação da educação privada em empresa resultam em um pensar e fazer acrítico que vitima particularmente as disciplinas artísticas e esportivas.
Nesse sentido, a autora do texto de abertura sobre as pedagogias da infância, Thaís Castilho, abre as possibilidades de intersecção, analisando a situação do balé como atividade educativa para as crianças dialogando com a teoria do filósofo soviético Mikhail Bakhtin, apresentando ao leitor os problemas de preparo e formação dos professores.
Além disso, salienta as possibilidades de se utilizar o trabalho de teóricos que abordam
as potências da comunicação, linguagens e educação artística, caso essas sejam seriamente estudadas e incorporadas ao ensino. Continuando a abordagem pedagógica,
Fernanda de Souza Almeida aprofunda as questões no âmbito da relação entre docente e a percepção ou conhecimento sobre a infância, discutindo a falta de entendimento dos(as) professores(as) acerca do amplo conceito de ludicidade e sobre a ausência
de compreensão da própria realidade mercadológica e mecanicista em que o ensino de balé está imerso no século XXI. Em seguida, a autora Cinthia Andrade trabalha a urgência em se aplicar a interdisciplinaridade no ensino de balé, sobretudo por meio dos repertórios, complementando a abordagem de metodologias e intersecções como caminhos para o ensino do balé. | pt_BR |