Obstáculos para a aplicação da gestão de riscos em contexto museal: estudos de casos entre Brasil e Espanha
Resumo
Diariamente, o patrimônio cultural enfrenta situações de emergência que acarretam diferentes graus de perda e deterioração de sua materialidade, mesmo quando protegido por instituições museológicas. Infelizmente, muitas vezes esses dados não são divulgados, apesar de desastres como enchentes, incêndios, furtos, vandalismo, entre outros, serem frequentes em qualquer museu. A metodologia de gestão de risco visa auxiliar os responsáveis pela conservação do patrimônio na análise de risco, auxiliando a tomada de decisão com base em critérios científicos e não apenas com base na subjetividade. Dessa forma, permite avaliar as possíveis fontes de degradação e como ocorre a inter-relação dessa deterioração. Bem como, permite estabelecer prioridades de conservação, tendo em conta os recursos existentes na instituição. Infelizmente, embora existam políticas de preservação, que o patrimônio seja legitimado e reconhecido pela comunidade que o detém, que existam técnicas ativas de conservação e teorias eficazes, as tragédias que envolvem o patrimônio cultural continuam ocorrendo. Ao mesmo tempo, se observa que a metodologia de Gestão de Riscos ainda é pouco aplicada como ferramenta de conservação em museus. A pesquisa tem caráter exploratório, analítico, qualitativo e a metodologia é desenvolvida a partir de seis estudos de caso comparativos, entre o panorama museológico brasileiro e espanhol, a fim de encontrar os obstáculos que impedem a aplicação da gestão de riscos em instituições museológicas. Para isso, utiliza entrevistas por meio de questionário semiestruturado, análise de jornais e artigos, além do estudo de campo. O trabalho inclui a avaliação e comparação entre duas realidades culturais e geopolíticas diferentes a partir de uma premissa comum, as recomendações internacionais sobre gestão de riscos, para encontrar as chaves para o fracasso da preservação, mesmo em instituições que gozam dos mais altos padrões de proteção. Entre os resultados, observa-se que fatores identitários e socioculturais, estão mais bem relacionados ao déficit encontrado na preservação museal, do que premissas primárias levantadas. A ideia de estudar o campo museológico, olhando para a conservação e gestão de riscos, pretende, a partir das informações coletadas e analisadas, oferecer subsídios para que gestores e conservadores-restauradores possam realizar uma melhor interpretação e aplicação das metodologias existentes, identificando as lacunas para a aplicação destas ferramentas, pois, desta forma, espera-se contribuir para uma melhor conservação do património cultural.
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