“Contato entre mãos e águas” : uma abordagem zooarqueológica sobre os artefatos ósseos do Cerrito Moreira 1 – Capão do Leão/RS
Resumo
Este trabalho se propõe a debater sobre a indústria óssea em cerritos no sul do Brasil, a partir da análise de um conjunto de artefatos resgatados do sítio arqueológico Moreira 1, localizado no Capão do Leão (Rio Grande do Sul). O sítio se diferencia por apresentar estruturas de combustão e um sepultamento bem definido. Os cerritos na região da Laguna dos Patos apresentam datações desde 3460 ± 400 que se estendem até o século XVIII. As análises zooarqueológicas e isotópicas atuais demonstram uma dieta baseada em recursos pesqueiros que corroboram as interpretações sobre a exploração da fauna na produção de artepescas. Para a análise do sítio Moreira 1, realizou-se a triagem dos remanescentes faunísticos com evidências de manipulação. Aplicou-se o método de anatomia comparada e microscopia digital. Os resultados obtidos permitiram discutir a seleção de espécies animais e elementos anatômicos, técnicas de processamento da indústria óssea e distribuição espacial e cronológica das morfologias dos artefatos identificados nos sítios cerritos datados da região sul do Brasil. Há predominância de artefatos produzidos em metapódios de Veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) e canídeos. Com relação ao processamento observou-se a retirada dos côndilos em metapódios de cervídeos. Já para os dentes de canídeos, foram percebidos o corte horizontal e abrasão das raízes. Em síntese, o trabalho reforça o papel dos recursos faunísticos, principalmente para produção de artepescas, como também a intrínseca relação do contato dos grupos construtores de cerritos com a água.
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