“E naquela época, não sei porque, se era mulher tinha que ser normal”: histórias de vida de mulheres professoras, em Pelotas-RS (1950 a 1970)
Resumo
Esta dissertação analisa as representações das histórias de vida das mulheres que iniciaram carreira como professoras primárias entre os anos de 1950 a 1970, na cidade de Pelotas. O trabalho insere-se no campo de estudos da Nova História Cultural buscando compreender a maneira como a realidade construída foi percebida e apropriada pelas sujeitas e, especificamente, no campo de estudos da História das Mulheres a partir da perspectiva de gênero como categoria de análise. A sociedade pelotense do período estudado estava estruturada pelas relações de gênero patriarcais a partir das quais os papeis sociais de homens e mulheres estavam determinados e eram reforçados por diversas instituições. A profissão de professora era uma das carreiras mais procuradas pelas moças da época, em função dos discursos normativos de gênero, incentivando as jovens a seguirem essa carreira considerada mais adequada por vincular a prática educativa com a maternidade, uma vez que, nos dois casos, se pressupõe cuidado. A história oral foi o procedimento metodológico utilizado, na modalidade da história oral de vida, através da qual foram entrevistadas onze mulheres. Analisou-se a percepção e a apropriação da normatividade de gênero na história de vida das mulheres que perseguiram a profissão prescrita de acordo com o modelo de feminilidade hegemônico à época bem como as possibilidades de rupturas com a norma. A partir das narrativas construídas foram encontrados três conjuntos de representações históricas das mulheres professoras, denominados como tradicionais, intermediárias e progressistas. Encontrou-se diferentes significados da inserção na carreira profissional do magistério primário na vida das mulheres brancas e negras inseridas em um contexto de transformações sociais de uma sociedade patriarcal.
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