A cidade que cresceu à sombra da usina: sobre o habitar das famílias eletricitárias na cidade de Candiota/RS.
Resumo
Esta dissertação resulta de uma pesquisa etnográfica com as famílias eletricitárias, na
cidade de Candiota (RS), e busca refletir sobre a relação destas com a Usina
Termelétrica Presidente Médici. Fundamenta-se na interlocução com trabalhadores/as,
eletricitários/as, aposentados/as e suas famílias, para compreender as práticas
cotidianas e as narrativas dos/as interlocutores/as (ECKERT e ROCHA, 2011),
considerando o habitar (CERTEAU,1998) as Vilas Residencial e Operária. O espaço
urbano em Candiota constituiu-se com a implantação da Usina Termelétrica, um
grande empreendimento termelétrico que utiliza o carvão como fonte de obtenção de
energia elétrica. Na narrativa da aposentada eletricitária, o “distrito cresceu à sombra
da usina”, salientando o quanto o cotidiano das vilas operárias é controlado pela usina
(FOUCAULT, 1987), que é uma Companhia Estatal. Num processo pactuado pelo
silêncio na relação entre as famílias, a cidade e a usina, observa-se os benefícios de
emprego, moradia, escolarização e a usina traz às famílias eletricitárias, ao mesmo
tempo em que a implantação do complexo termelétrico acarreta uma série de impactos
ambientais (AGIER, 2011 e MAGNANI, 2002). As famílias moram próximas ao espaço
da usina, em um ambiente disciplinado pelo trabalho, e convivem com a fumaça
emitida pelas chaminés da usina (LOPES, 2006). As técnicas aplicadas na coleta de
dados foram observação participante, entrevistas (BRANDÃO, 2007),prancha
fotográfica (SAMAIN, 2004), e desenhos (KUSCHNIR, 2012), com registro em diário de
campo realizado entre os anos de 2019 e 2020 ao caminhar pela cidade (INGOLD,
2015)
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