As marchas religiosas tomando as ruas de Pelotas (RS) : por vezes Orixás, por vezes Jesus
Resumo
A presente tese versa sobre a presença religiosa pública na cidade de Pelotas (RS), qualificando-a por meio de duas marchas religiosas de matrizes distintas: as Marchas contra a Intolerância Religiosa, cuja mobilização é organizada por lideranças da comunidade tradicional de terreiro pelotense; e a Marcha para Jesus, organizada por uma associação de pastores evangélicos da cidade. As marchas religiosas foram acompanhadas durante os anos de 2018 e 2019, o que levou a compreender a tomada de exercício das ruas como um espaço de produção e agência religiosa. A partir da presença das marchas religiosas nas ruas, a performatividade tornou-se categoria-chave para repensar acerca do lugar do religioso no espaço público e revelar as diferentes estratégias dos coletivos de se apresentarem publicamente. Sendo assim, a etnografia mostrou que a cada trajeto traçado pelas marchas religiosas surgiram movimentos discursivos e performáticos diferentes que redefiniram o mapa urbano,
resultando em novos sentidos e percepções de uma cidade habitada por ações e corpos religiosos. No entanto, com o controle dos espaços públicos e o distanciamento social devido à pandemia no ano de 2020, a etnografia passou a traçar novas rotas para acompanhar o fazer-religioso que acabou
desembocando na internet. Observando a atuação dos atores religiosos das marchas no espaço virtual, reafirmou-se uma relação entre as ruas presenciais e a virtualidade da internet na configuração do espaço público.
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