Memórias do feminino através dos reclames dos Almanachs de Pelotas (1913 – 1935).
Resumo
Os Almanachs de Pelotas foram editados anualmente nessa cidade do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1913 e 1935. Os almanaques são publicações de conteúdo variado, constituídas de informações de utilidade pública e de entretenimento. O periódico deste estudo incluía, também, temas de cunho moralizante, próprios do pensamento positivista. Nessa tradicional tipologia de publicação do período, inúmeros são os temas que podem ser investigados, por constituírem-se nela indicativos dos hábitos, costumes e comportamentos dos sujeitos daquela sociedade. Em tal âmbito, motivou a presente pesquisa, a observação de que havia peculiaridade nas representações do gênero feminino dos reclames desse periódico. Os reclames foram recursos publicitários importantes naquele contexto. Partiu-se da proposição de que eram expressões de valores e necessidades, reais ou criadas, pelo mercado dos produtos industrializados, ou não, e influenciavam grande número de pessoas. Considerou-se como premissa a compreensão do gênero enquanto uma categoria relacional e que se constrói social e culturalmente. Estudou-se a relação entre representação e contexto, social e histórico, para elucidar o potencial desses reclames como transmissores de conceitos, ideias e memórias do feminino naquela cidade do passado. Para tanto, Assmann (1995) e Candau (2014, 2002 e 2001) foram determinantes com seus conceitos de memória cultural e de sociotransmissores. O desenvolvimento dessa análise considerou inerente apresentar o panorama de produção dos impressos e as formas do seu consumo no cotidiano das pessoas. Enfatizou-se os editoriais e desenvolveu-se análise do conteúdo gráfico dos exemplares da referida publicação, com vistas a elucidar as fronteiras entre o recurso técnico disponível então e as escolhas simbólicas. O cenário de circulação dos Almanachs foi explorado com ênfase no conteúdo veiculado em suas próprias páginas. Constatou-se de que modo, em tal cenário, operava a representação das mulheres inseridas nas tramas e sociabilidades daquele contexto, dentro desses anúncios. Por fim, logrou-se examinar os reclames que continham representações do feminino nos Almanachs, quantificando os elementos representativos dos conteúdos de gênero, de modo que foi possível asseverá-los como suportes de memória – entendimento que pode ser ampliado para o periódico como um todo – e como estruturas subliminares influentes nas construções de um ser e comportar-se feminino, que transcendeu as diligências do seu tempo, tangenciando conflitos do presente.
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