Memória e História da Mui Heroica Villa de São José do Norte: a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes.
Resumo
A festa de Nossa Senhora dos Navegantes de São José do Norte, município da península do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, é provavelmente a mais antiga que ocorre com essa invocação mariana no país. É uma tradição luso-brasileira herdada de famílias açorianas, que ocuparam o território em meados do século XVIII. Provavelmente essas raízes portuguesas contribuíram para o legado da religiosidade, principalmente expressa na devoção em Navegantes, cultuada no local através da festa desde o ano de 1811. O objetivo principal da tese é delimitar um estudo historiográfico da festa de Nossa Senhora dos Navegantes de São José do Norte, analisando-a como uma manifestação da memória cultural (Assmann, 2006), onde os significados, as continuidades e rupturas vêm de uma memória comunicativa ou geracional e, portanto, têm valor afetivo, nostálgico e prioritário. Neste âmbito, objetiva-se detectar os sentidos de pertença e significações da festa, elementos que garantem sua dinâmica, sua existência e a unidade da comunidade em seu entorno. O problema de pesquisa é, portanto, reconstituir a historicidade, elaborando a diacronia da festa de Nossa Senhora dos Navegantes de São José do Norte, analisando os elementos que a envolvem e caracterizam como uma festa popular, verificando as recorrências e interrupções que vêm ocorrendo ao longo desses anos. As principais metodologias utilizadas foram a observação participante, de 2013 a 2017 e a história oral, em entrevista aberta e com roteiro pré-estabelecido. Foi feita também pesquisa histórica da festa de Nossa Senhora dos Navegantes tendo como base fontes primárias como manuscritos, documentos da Mitra diocesana de Rio Grande e Livros Tombo da Paróquia São José, periódicos dos séculos XIX e XX e antigas fotografias. Pode-se afirmar que a Nossa Senhora dos Navegantes de São José do Norte, por seus aspectos relacionados com o lugar, tais como as técnicas de trabalho ligadas a atividades primárias, no caso agricultura e pesca, proporcionam uma “intimidade” com os elementos naturais, e um sentimento de súplica e gratidão pela fecundidade do solo e das águas, como na teoria da dádiva (Mauss, 1925).
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