Funções de pedotransferência na caracterização da distribuição espacial da condutividade hidráulica do solo saturado
Resumo
A condutividade hidráulica do solo saturado (Ksat) é um atributo importante do ponto de vista da gestão de recursos hídricos e manejo e conservação do solo, pois rege o fluxo de água no solo, taxa de infiltração, escoamento superficial, transporte de solutos, entre outros processos ambientais. Entretanto, tem sido reportado na literatura que a Ksat apresenta uma alta variabilidade espacial, tanto em escala de parcelas experimentais quanto de bacia hidrográfica. Sendo assim, a identificação e quantificação da variabilidade espacial da Ksat tem sido alvo de estudos ligados à dinâmica da água no solo. Contudo, a determinação da variabilidade espacial da Ksat requer uma densa base de dados. Dessa forma, a aplicação de modelos matemáticos para estimar a Ksat usando atributos físicos-hídricos do solo (AFHS) e topográficos de baixo custo e de fácil determinação tem se tornado cada vez mais frequente. Nesse sentido, esse estudo teve como objetivo desenvolver e avaliar funções de pedotransferência (FPTs) para estimar a condutividade hidráulica do solo saturado em uma malha experimental, contendo 80 pontos com distribuição espacial irregular, estabelecida na sub-bacia hidrográfica Santa Rita (Pelotas, Rio Grande do Sul), bem como seu potencial em caracterizar a estrutura de variabilidade espacial da condutividade hidráulica por meio de ferramentas da geoestatística. Em cada ponto da malha experimental foram determinados os AFHS e topográficos, bem como a informação de uso e ocupação do solo. As FPTs foram desenvolvidas por meio da técnica de regressão linear múltipla e validadas a partir da aplicação de índices estatísticos e de ranqueamento proposto na literatura. Por meio de ferramentas geoestatísticas (modelagem variográfica e interpolação por krigagem ordinária) foi realizada a caracterização e o mapeamento da distribuição espacial dos dados de Ksat observados em campo e estimados pelas FPTs desenvolvidas para os solos da sub-bacia hidrográfica Santa Rita (SBHSR). As FPTs testadas já existentes na literatura não foram eficientes em estimar a Ksat para os solos da SBHSR. As FPTs que melhor descreveram a distribuição espacial da Ksat foram desenvolvidas a partir dos dados de densidade do solo, teor de argila, declividade e macroporosidade e dos dados de densidade do solo, teor de argila, teor de areia e elevação. Os atributos topográficos (declividade, aspecto e elevação) estiveram presentes como atributos preditores nas sete FPTs com melhores desempenhos. O uso e ocupação do solo também se mostrou um preditor adequado na estimativa de Ksat. Com base nesse estudo, foi possível concluir que as FPTs desenvolvidas para estimar a Ksat mostraram potencial para capturar a sua estrutura de dependência espacial. A Krigagem Ordinária indicou que a espacialização dos erros absolutos dos valores estimados de Ksat a partir da densidade do solo, teor de argila, macroporosidade e declividade foi a que apresentou os menores erros e o padrão de distribuição espacial mais similar em relação aos dados observados.
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