O processo de educação em saúde a partir do diálogo sobre plantas medicinais: significados para escolares.
Resumo
Esta pesquisa teve por objetivo conhecer o significado construído por educandos de ensino fundamental de duas escolas da periferia urbana de Pelotas sobre oficinas relacionadas a plantas medicinais. Tratou-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo, realizado com alunos de 4a e 5 a séries de uma escola municipal e 5o ano de uma escola estadual do município de Pelotas/RS, totalizando 83 escolares. Foram realizadas 18 oficinas (seis com cada turma), no espaço das escolas e da faculdade de enfermagem (Universidade Federal de Pelotas), durante o período de setembro a dezembro de 2011. Foram abordadas questões sobre saúde e plantas medicinais, em uma perspectiva que engloba a natureza, vendo como é a relação humana com o ambiente. As oficinas tiveram como embasamento metodológico a proposta pedagógica de Paulo Freire. Ao final destes seis encontros, os escolares escreveram uma redação a partir da pergunta norteadora: “O que as oficinas representaram na minha vida?”. A redação foi escrita por 65 escolares. Na segunda etapa do projeto, ocorrida nos meses de julho e agosto de 2012, foram realizados três grupos focais (um com cada turma) com dez integrantes em cada encontro, elencados por aleatório, tendo duração de aproximadamente 50 minutos. Os dados que surgiram das redações e dos grupos focais foram analisados por meio da proposta operativa de Minayo (2007), que abrange três etapas: ordenação dos dados, classificação dos dados e análise final. Em sequência, os dados foram classificados em três temas: aprendizagem sobre plantas medicinais, cuidado com a saúde, cuidado com o ambiente. Os discursos revelaram a consciência dos reflexos da ação humana no ambiente e o compromisso social de cada um com as futuras gerações e com o planeta. O diálogo possibilitou estimular nos educandos valores direcionados ao reconhecimento do saber familiar e o desenvolvimento do pensamento crítico sobre o uso seguro de plantas medicinais no cuidado à saúde. Avalia-se que contemplar o cotidiano, o vivido, ouvir o outro e perceber as emoções facilita a aprendizagem dos escolares, de forma significativa. As práticas educativas podem ser otimizadas quando trabalhadas de forma interligada com a cultura, a fim de estimular a formação do pensamento crítico dos sujeitos e favorecer o bem-estar humano e ambiental. Nesta perspectiva, o enfermeiro tem o compromisso de procurar interpretar os símbolos socialmente construídos nas diferentes culturas para propor uma prática educativa em saúde que produza significados ao existir.
Collections
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: