A perspectiva niilista entre Nietzsche e Dostoiévski em os irmãos Karamázov.
Resumo
Essa pesquisa tem como objetivo explorar a questão niilista no personagem
Ivan Karamázov da obra Os Irmãos Karamázov (1880) de Fiódor Dostoiévski e
estabelecer uma comparação com a ideia de niilismo na filosofia de Nietzsche.
A hipótese dessa investigação é de que apesar das influências literárias de seu
tempo e proximidade entre os dois autores, ou como o Nietzsche menciona
“parentesco espiritual”, a proposta de Nietzsche não viria de encontro com o
implícito filosófico da obra de Dostoiévski. Para isso é necessário fazer uma
breve recapitulação conceitual do termo, considerando que o verbete foi
interpretado de maneiras diversas até ser expresso como um problema e
tornar-se um significativo tema filosófico a partir das reflexões de Nietzsche. A
palavra em si, já aparecera em outros debates europeus contudo, em
Nietzsche ganhou uma reflexão mais aprofundada. Colocar Nietzsche e
Dostoiévski lado a lado, assim como examinar o quanto de Dostoiévski há na
filosofia de Nietzsche, já faz parte de uma tradição antiga no âmbito da
pesquisa científica, e vem sido trazida por diversos pesquisadores desde o final
do século XIX tomando mais força no começa da década de 1920. Há uma
grande semelhança entre a ideia de Ivan Karamázov, que “Se não há Deus
nem imortalidade da alma, então tudo é permitido” com a máxima citada por
Nietzsche “Nada é verdadeiro, tudo é permitido” em Assim Falou Zaratustra, na
“Terceira Dissertação” de a Genealogia da Moral e após em seus Fragmentos
Póstumos, onde Nietzsche começa a desenvolver essa ideia com mais solidez.
Como já antecipado, as conclusões de Dostoiévski partem para o lado oposto.
Até mesmo a máxima “Nada é verdadeiro, tudo é permitido” que parece
correlacionar-se com a noção de Dostoiévski em uma primeira análise, servirá
como uma afirmativa que levará Nietzsche para outra perspectiva pois essa
ideia de possui um caráter experimental que será melhor desenvolvida em seus
fragmentos póstumos. Nietzsche vai além do descontentamento e a suposta
desorientação que a falta de valores morais e referências tradicionais
provocam no indivíduo pois, para Nietzsche, os próprios valores eram niilistas,
e superá-los seria o primeiro passo para que o homem ultrapasse o nada.
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