Escrever, guardar, lembrar: os copiadores de cartas de Dom Joaquim Ferreira de Mello.
Resumo
Joaquim Ferreira de Mello, Bispo de Pelotas entre os anos de 1921 e 1940, copiou e organizou sua correspondência expedida em livros copiadores de cartas, por mais de vinte anos, reunindo o acervo epistolar que compõe o objeto deste estudo. Na análise do acervo busquei compreender, por meio das evidências deixadas nos processos de escrita e arquivamento de cartas, o lugar que o texto epistolar ocupou no ambiente clerical vivido por Dom Joaquim na primeira metade do século XX, e sua relação com a apropriação desses textos como suporte para discursos memoriais, ora relativos ao indivíduo que os produziu, como um “arquivamento de si”, ora relativos à instituição que os preservou, como um “dever de memória”. Para isso, analisei o acervo em três momentos distintos e complementares, referentes aos processos de arquivamento, escrita e preservação do conjunto de cartas. Objetos narrativos, discursivos e confessionais, as cartas de Dom Joaquim são indícios do uso e do lugar ocupado pela escrita epistolar no ambiente clerical. Lugar, este, que extrapolou os limites da comunicação à distância e passou a representar, também, um instrumento administrativo e um espaço de divulgação e afirmação da doutrina cristã. De outro modo, com o passar do tempo e por sua natureza dúbia - documento e testemunho - a carta passou a representar, também, um lugar de preservação e evocação da memória.
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