A representação surda no discurso da legislação nacional e no discurso pedagógico de uma escola especial de Pelotas/RS, com atenção à matemática escolar
Resumo
A presente pesquisa apresenta proposta que surgiu das inquietações da pesquisadora quando foi colega de surdos e posteriormente monitora de alunos surdos. Teve como objetivo analisar como os sujeitos surdos são representados nos discursos das legislações nacionais e nos discursos pedagógicos – instrumentos orientadores das práticas escolares - e nos documentos curriculares oficiais de uma escola de surdos da cidade de Pelotas/RS, com atenção à matemática escolar. Para tanto, foi realizada uma reflexão acerca das diferentes representações dos surdos na história. A pesquisa se referencia em de Silva e Knijnik no que se refere ao currículo e a Etnomatemática, respectivamente, para, com Skliar e Lopes e seus estudos sobre a surdez, discutir a educação de surdos. A metodologia adotada neste trabalho segue uma linha pós-crítica, não tendo assim uma metodologia apriori, pois nesse tipo de pesquisa o percurso metodológico vai se desenhando durante seu desenvolvimento e de acordo com os acontecimentos. Utilizou-se os estudos de Fischer acerca da concepção foucaultiana de discurso para analisar as representações da surdez produzidas no discurso legal e no discurso pedagógico, tendo como modalidades enunciativas algumas leis e decretos, dois Regimentos, um Projeto Político Pedagógico e os Planos de Ensino de matemática da escola pesquisada. Problematizou-se, a partir das lentes teóricas de Gadelha, Noguera-Ramirez e Lopes, o conceito e as formas de Governamentalidade presentes nas representações da surdez contidas nos discursos investigados, no sentido de compreender quem é o sujeito surdo que está sendo formado na educação básica, na escola em questão. Em relação aos saberes matemáticos da cultura surda, nos documentos analisados não foi encontrada nenhuma referência. Embora anunciassem o respeito e a valorização da cultura, isso não ocorreu em relação aos conhecimentos matemáticos. As aulas de matemáticas se configuram como uma estratégia de governo para controlar as formas de pensar matematicamente, a mesma matemática é ensinada a diferentes culturas, homogeneizando o pensamento e silenciando as diferenças.
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