O Massacre de Capacete: narrativa, memória e história TIkuna no município de Benjamin Constant, Amazonas
Resumo
Esta dissertação constitui-se em um estudo etnológico e etnohistórico sobre a temática “O Massacre de Capacete: narrativa, memória e história Tikuna no município de Benjamin Constant, Amazonas”. O assunto se refere a um evento ocorrido no dia 28 de março de 1988, quando houve o assassinato e desaparecimento de indígenas da etnia Tikuna de diversas comunidades indígenas como Porto Espiritual, Porto Lima, Bom Pastor e São Leopoldo, incluindo crianças, jovens, adultos e idosos, deixando ainda sobreviventes lesionados. O massacre, reconhecido juridicamente, como tentativa de genocídio, mais precisamente de etnocídio, se apresenta em várias versões, desde os fatos que o provocaram até seu desfecho. Envolveu o povo Tikuna como vítima e pessoas ligadas a uma das famílias não indígenas economicamente poderosas da região do Alto Solimões: a família Castelo Branco, constituída por madeireiros, políticos locais e outras pessoas ao seu serviço. Houve grande repercussão e cobertura do ocorrido pela mídia local, regional, nacional e internacional, o que possibilitou um processo judicial de centenas de laudas. Além disso, o caso foi tratado em publicações de pesquisadores conhecidos no Brasil e no exterior. O objetivo deste estudo é analisar os acontecimentos que envolvem o evento, bem como os impactos, as reconfigurações culturais e políticas decorrentes do Massacre de Capacete para o povo Tikuna, com base na pesquisa de campo realizada entre 2017 e 2018 na comunidade indígena Tikuna de Porto Espiritual e na área urbana do município de Benjamin Constant, Amazonas. Ainda, há a análise de fontes escritas (jornalísticas, bibliográficas, relatórios, processos judiciais, entre outras), visuais (como fotografias da época) e por meio de uma etnografia que privilegiou as memórias e narrativas de pessoas que testemunharam a chacina e de parentes vinculados por laços de pertencimento étnico. A relevância do estudo está na possibilidade de articular uma história do tempo no presente a partir das versões jurídicas, dos acusados, da mídia e dos interlocutores sobreviventes e de como o massacre interfere na reafirmação e nas reivindicações do povo indígena e de sua história.
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