Análise do risco à atividade de cárie em crianças de 0 a 36 meses: protocolo de avaliação, acompanhamento longitudinal e efetividade de estratégias para controle da cárie na primeira infância.

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Data
2017-12-08Autor
Krüger, Marta Silveira da Mota
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A cárie dentária na primeira infância representa um problema de saúde pública em nosso país. Embora seja observada a superioridade de alguns métodos sobre outros para o controle dessa doença, as evidências ainda são limitadas. Assim, foi desenvolvido um scoping review para avaliar as evidências científicas registradas no período de 2002 a 2017 sobre métodos/estratégias para o controle da cárie na primeira infância. Foi verificado que, dentre os diversos métodos estudados (fluoretos, clorexidina, fluoreto de prata, xylitol, probióticos, selante, métodos nutricionais, educacionais, e métodos em conjunto), a inserção da criança em um programa com aconselhamento materno e/ou familiar sobre saúde geral, higiene bucal e dieta, enfatizando o acompanhamento periódico e o gerenciamento baseado na avaliação do risco demonstrou ser a estratégia que mais favoreceu o controle do risco e da doença cárie dentária na primeira infância. Foi descrito o protocolo para avaliação do risco à atividade de cárie utilizado no Projeto de Extensão atenção Odontológica materno-Infantil (AOMI) da FO-UFPel e analisado se algum parâmetro seria superior na identificação deste risco. Foi realizada uma análise transversal dos dados de prontuários de 476 crianças com dois anos de idade, conduzindo uma análise multivariada empregando a regressão de Poisson com variância robusta para estimar a razão de prevalência e intervalo de confiança (IC) de 95% e nível de significância de 5%. Após ajustes, pode-se observar que os parâmetros comportamentais (aleitamento noturno, consumo de sacarose superior a sete vezes por dia, início tardio da higiene bucal, ausência de participação familiar na higiene bucal, escolaridade materna inferior a oito anos de estudo, presença de biofilme bacteriano e autocuidado materno médio e ruim) foram mais importantes do que os fisiológicos (doença crônica, idade de irrupção do 1º molar decíduo, espaço interdental no arco e alteração dentária). Quando utilizado este mesmo protocolo, em avaliação longitudinal de dados de 344 crianças acompanhadas no projeto AOMI, do primeiro ao terceiro ano de vida, foi possível traçar a trajetória de risco a atividade de cárie destas crianças e verificar que, ao utilizar estratégias preventivas, foi possível manter a maioria das crianças dessa amostra (88,9%) em situação de saúde bucal ao longo de três anos. Na análise bivariada (Exato de Fischer) ficou evidenciado que a escolaridade materna >8 anos de estudo, a frequência de sacarose ≤ 7 vezes ao dia, a presença da participação familiar na higiene bucal do bebê, a presença de espaço interdental na arcada, a ausência de placa visível e o autocuidado materno bom/satisfatório tiveram uma relação significativa com a criança ter se mantido em condição de sem cárie e sem risco durante o período de avaliação. Esses achados reforçam a importância de inserção da crianças em um programa de saúde bucal e o gerenciamento baseado na avaliação do risco à atividade de cárie conduzido no projeto AOMI.
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