Doenças do sistema nervoso central que afetam bezerros até 12 meses de idade no Sul do Rio Grande do Sul: estudo retrospectivo
Resumo
Esta dissertação foi realizada com o objetivo de determinar a frequência das enfermidades do sistema nervoso central que ocorrem na região Sul do Rio Grande do Sul em bezerros até os 12 meses de idade. O estudo foi baseado no banco de dados do Laboratório Regional de Diagnóstico da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, fazendo parte de um projeto de identificação e determinação da frequência das doenças que ocorrem em animais de produção nesta região por meio de estudos retrospectivos. Descreveu-se também uma rara doença congênita do sistema nervoso central ainda não diagnosticada em bovinos, estabelecendo sua importância para o diagnóstico diferencial de outras enfermidades neurológicas que ocorrem nos bezerros até os 12 meses de idade. Foram revisados os protocolos de necropsia e de materiais remetidos ao laboratório entre 1978 e dezembro de 2014 referentes aos bovinos até 12 meses de idade que apresentavam sinais neurológicos. Foram resgatados os dados epidemiológicos referentes à procedência dos animais, tipo de criação, raça, idade e época de ocorrência e frequência. Foram identificados 578 casos de bovinos com sinais neurológicos, dos quais 147 (25,4%) tinham até 12 meses de idade. Os diagnósticos foram agrupados por etiologia, sendo que as enfermidades virais totalizaram 42,2% dos casos; as doenças bacterianas 20,4% e as doenças parasitárias 14,9%. Os defeitos congênitos e as doenças hereditárias representaram 6,8% dos casos, seguidos pelas intoxicações e micotoxicoses com 5,44%; pelas doenças carenciais e multifatoriais ambas com 2,7% dos casos e pelos traumatismos, doenças degenerativas e neoplasias com 0,68% dos diagnósticos. Os casos inconclusivos representaram 1,36% do total. Nos bezerros até os 90 dias as principais enfermidades foram os defeitos congênitos e as meningites e encefalites por causas bacterianas, além dos abscessos do sistema nervoso central; nos bezerros entre os quatro e nove meses as enfermidades tiveram uma frequência mais baixa destacando-se apenas a raiva. A partir dos 10 até os 12 meses a babesiose, a raiva e a encefalite por herpes vírus foram as mais importantes como causa de morte. O defeito congênito descrito foi classificado como lisencefalia tipo I (clássica) que ocorre em humanos e demonstrou a necessidade de se realizar o diagnóstico diferencial com as enfermidades do sistema nervoso central que ocorrem em bovinos até os 90 dias de vida, uma vez que os sinais clínicos são semelhantes a outras doenças do sistema nervoso central que ocorrem nesta faixa etária.
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