Associação da presença de canais acessórios com reabsorções perirradiculares utilizando tomografia computadorizada de feixe cônico de alta resolução.
Resumo
Os canais acessórios (CA) podem representar um desafio para o controle da infecção endodôntica, uma vez que a permanência de bactérias no interior dos canais pode ter repercussões no periodonto. Assim, o objetivo desta tese foi descrever características
morfológicas de CA observados em Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC) e sua associação com reabsorção óssea perirradicular. Também foram descritos 7 casos clínicos onde ocorreu a instrumentação intencional de CA, com acompanhamento clínico e de TCFC. Foram acessados 3223 laudos de exames de TCFC de um banco de dados de uma clínica de Radiologia. Através de um mecanismo de busca, foram selecionados exames de TCFC de pacientes onde observou-se
presença de CA e esses exames foram incluídos para análise e coleta de dados. Foram coletados os seguintes dados: dente onde há CA; em casos de dentes multirradiculares, raiz onde se encontra; terço de localização do CA na raiz; face onde
se encontra o CA, angulação em relação ao canal principal e presença de obturação. Além disso, foram coletados dados quanto a presença de reabsorção óssea perirradicular. Foi realizada estatística descritiva dos dados. Foram identificados 45 casos de CA. A maior prevalência foi observada em pré-molares superiores e incisivos superiores, com predomínio de localização no terço médio da raiz. A maioria dos CA localizava-se nas faces palatina/lingual e vestibular da raiz. A angulação entre os CA
e o canal principal variou de 87° a 147°, com média de 102,4°. Algum tipo de reabsorção óssea perirradicular foi observada em 39 casos (86,7%). Dentre esses, a combinação de reabsorção óssea apical e lateral foi a mais prevalente, seguida pela
reabsorção exclusivamente associada ao CA. Foram relatados sete casos clínicos de tratamento e retratamento endodôntico em dentes com CA identificados por TCFC, todos associados a necrose pulpar e reabsorção óssea. Os CA estavam localizados
em diferentes regiões radiculares: face palatina do terço médio da raiz vestibular (caso 1), terço apical da face mesial (caso 2), terço apical da face vestibular (caso 3), terço médio da face palatina da raiz vestibular (caso 4), face distal do terço médio da raiz
mesiolingual (casos 5 e 6) e terço cervical da raiz vestibular voltado para face palatina (caso 7). Os tratamentos seguiram protocolo padronizado, com remoção de materiais restauradores e pinos, preparo químico-mecânico até a lima 40.05, associado a gel de clorexidina 2%, irrigação com solução salina e EDTA 17% ativado por ultrassom. Os CA foram intencionalmente debridados com limas manuais e, quando possível, rotatórias. A obturação foi realizada com guta-percha e cimento AH Plus Jet, seguida de restauração em resina composta. Nos acompanhamentos clínicos e tomográficos, realizados entre 8 e 24 meses, todos os casos evoluíram com cicatrização completa ou parcial e ausência de sintomatologia. Os achados reforçam a relevância clínica dos CA e sua associação com reabsorção óssea perirradicular.

