| dc.description.abstract | O estudo da música no período imperial indica que alguns imperadores
tiveram uma relação diferenciada com a cultura musical, e em
especial com o que seria a música erudita da época, a música de tradição
grega. Abordaremos mais especificamente três imperadores, Nero, Adriano e
Juliano, apesar de o fenômeno não se limitar a estes. Além de eles próprios
terem recebido educação musical e terem condições de realizar performance
musical, o que não era comum na tradição romana, são governantes identificados
com o legado cultural grego. Assim, a relação destes com a música
está amarrada ao filo-helenismo que embasa o projeto de poder imperial.
O apreço destes pela música foi muitas vezes tratado, na historiografia
antiga, com argumentos variados, como aspecto negativo. Entendemos
que a relação deles com a música está na base do tipo de legitimidade que
buscam como governantes e da ideia de Império que os inspira. Ao mesmo
tempo, por meio de suas ações, desempenham papel muito relevante na
disseminação da música grega erudita em seu tempo, assim contribuindo
para a preservação da memória desta para a posteridade. Mas o que fica,
aos olhos dos modernos, é a imagem estereotipada e preconceituosa de
um Nero sanguinário tocando sua lira enquanto Roma arde em chamas,
gerando uma imagem distorcida do papel da música no âmago do projeto
de poder desses imperadores. | pt_BR |