Desenvolvimento do pensamento espacial a partir da autorregulação da aprendizagem: uma proposta de abordagem na formação docente
Resumo
O presente trabalho descreve o desenvolvimento e a aplicação de uma pesquisa de dissertação realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O estudo teve como objetivo investigar o papel do pensamento espacial na formação docente de futuros professores de Geografia, focando na contribuição dessa habilidade para a atuação profissional. A pesquisa buscou avaliar o pensamento espacial de alunos do curso de Geografia Licenciatura da UFPel, matriculados na disciplina de Gestão, Currículo e Práticas Espaciais, e propor intervenções pedagógicas que potencializassem a aquisição dessa competência, com ênfase na autorregulação da aprendizagem. Com base em abordagens autorregulatórias articuladas ao desenvolvimento do pensamento espacial, pretendeu-se promover um entendimento mais profundo dos alunos sobre seu processo de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades mais estratégicas e autônomas. O estudo é de natureza quanti-qualitativa, utilizando dois instrumentos principais de coleta de dados: o Questionário da Aprendizagem Autorregulada e o Teste de Aptidão do Pensamento Espacial (STAT - Spatial Thinking Ability Test), além de atividades práticas integradas à intervenção pedagógica. Dentre as práticas desenvolvidas, destaca-se a elaboração de mapas mentais pelos discentes, os quais revelaram a percepção singular que cada estudante tem do trajeto percorrido cotidianamente até o campus universitário. Ainda que em determinados trechos, como nas proximidades do campus, os caminhos se assemelhem em termos físicos, as representações gráficas desenhadas evidenciaram variações significativas na forma de organizar e simbolizar os elementos do percurso, refletindo a dimensão subjetiva do espaço vivido. Tais resultados dialogam com a perspectiva que considera o espaço geográfico como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações — ou seja, o espaço é produzido tanto pelas estruturas materiais quanto pelas práticas e percepções dos sujeitos que o vivenciam. Dessa forma, a pesquisa demonstrou que a articulação entre pensamento espacial, autorregulação da aprendizagem e práticas cartográficas críticas pode contribuir significativamente para uma formação docente mais reflexiva e sensível à complexidade do espaço geográfico. O desenvolvimento dessas competências potencializa a autonomia intelectual dos futuros professores, promovendo práticas educativas mais críticas, criativas e ancoradas na realidade vivida.

