Levantamento da vegetação campestre em áreas cultivadas com acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.) na região sul do Brasil
Resumo
Bosques de acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.) de diferentes idades de cultivo e um campo nativo característico da município de Jaguarão foram avaliados através de levantamentos botânicos da vegetação estabelecida e do banco de sementes do solo a fim de verificar as mudanças ocorridas no recurso forrageiro do Campo Misto do Cristalino Oriental devido ao cultivo de acácia-negra. O estudo foi realizado no município de Jaguarão, RS, Brasil, em duas propriedades, ambas próximas à fronteira com o Uruguai. O estudo dividiu-se em três etapas: levantamento botânico através do método do ponto, coleta do banco de sementes do solo e por separação botânica de biomassa aérea. Os bosques de acácia-negra foram implantados em áreas de campo nativo e avaliados, inicialmente, com 2, 6 e 8 anos de plantio; enquanto que o campo nativo característico da região, serviu como testemunha e seu manejo foi considerado conservacionista. As áreas foram comparadas por meio do Índice de Similaridade de Jaccard. Foram identificadas 39 espécies, dentre as diferentes áreas de avaliação. As áreas com presença de acácia-negra apresentaram quantidade menor de poáceas e fabáceas. Sob o aspecto forrageiro o impacto negativo do cultivo da acácia-negra no campo nativo foi considerado baixo, pelo desaparecimento de apenas três forrageiras importantes, Paspalum pumilum, Paspalum lepton e Briza sp. até o 9º ano de cultivo. Todavia, há um alto potencial de regeneração da vegetação campestre mesmo após 15 anos de cultivo da acácia-negra, por meio da vegetação persistente no sub-bosque e pelo banco de sementes do solo. Neste sentido, destacaram-se o Axonopus affinis, o Dichantelium sabulorum, o Hymenachne sp, e o Piptochaetium montevidense.