A gente somos muitas andanças: uma etnografia multissituada do desterro e da diáspora em mirada feminista descolonial
Resumo
A pesquisa consiste em uma análise etnográfica multissituada em um Kilombo e uma Teko Haw. A abordagem feminista etnográfica multissituada caminha junto a duas ocupações que reivindicam ancestralidade: o Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão (Pelotas, RS) e a Teko Haw Maraka'nà (Rio de Janeiro, RJ). Por meio de uma breve análise das legislações que pautam o direito à terra, busco evidenciar a recusa do Estado em garantir os direitos dos povos indígenas e quilombolas, especialmente daqueles que vivem em contextos urbanos. Em campo com o Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão, evidencio o papel das Mais Velhas na produção de um território quilombola por meio da prática do aqueerlombamento. Já em campo com a Teko Haw Maraka’nà, destaco a importância da retomada em termos identitários e territoriais, com especial atenção à maneira como as mulheres produzem a continuidade do território através da prática de pensar e viver junto à terra. Cada grupo, com sua especificidade e trajetória, cria rotas para resistir ao ímpeto colonial-capitalista de subjugação da vida. Ambas as ocupações gestam vida no asfalto e fazem brotar sementes nos espíritos que multiplicam histórias de luta e presentificação da ancestralidade, expressando, no presente, a relação de envolvimento com a terra, as pessoas, a luta e a existência.