Frascos de vidro: uma abordagem sobre a produção e comércio de Medicamentos e de seus contentores em Pelotas. (Intervalo temporal 1800 – 1950)

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Data
2024-09-03Autor
Viana , Jorge Luiz de Oliveira
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Este trabalho se propõe a discutir aspectos de produção e consumo de medicamentos na cidade de Pelotas (Rio Grande do Sul) no século XIX e metade do XX, tendo como amostragem a cultura material vítrea resgatada nos sítios PSGPe 1 – Casa 8, PSGPe 2 – Casa 2 e PSGPe 3 – Praça Cel. Pedro Osório. Os três sítios estão relacionados às primeiras ocupações no segundo loteamento da cidade no século XIX, hoje reconhecido como Centro Histórico de Pelotas. Além da seleção, análise e identificação dos frascos de medicamentos, na perspectiva de um trabalho expositivo e argumentativo, foram analisadas as principais práticas de cura sucedidas no Brasil do século XIX e metade do XX, seus preceitos, contexto político de inserção e popularização do consumo. O segundo loteamento caracterizou-se como o novo e futuro centro urbano, resultado do desenvolvimento econômico que começou a ocorrer com o crescimento das charqueadas. As categorias de uso doméstico como a cerâmica louça histórica e a grés resgatados nas duas residências ratificam o padrão de consumo da elite econômica e social da época, enquanto na Praça, de uso público, localizada numa área baixa, úmida e local de descartes, os depósitos escavados indicaram maior simplicidade destes produtos. No entanto, os artefatos vítreos relacionados aos frascos de medicamentos nos três sítios arqueológicos não indicaram diferenças que possamos atribuir às discrepâncias econômicas e sociais. Tanto pelos contextos das ocupações referidas, como também dos dados analisados na literatura, a produção e disseminação dos medicamentos tiveram grande significado econômico e social. A Teoria do Humores, alopatia, homeopatia e a medicina acadêmica, divulgaram a arte de curar, não apenas nas propagandas, mas também por um número considerável de publicações como manuais e guias médicos familiares. Após examinarmos todo o acervo vítreo dos três sítios, selecionamos dez frascos de medicamentos (fragmentos ou inteiros) com alguma identificação do conteúdo e/ou fabricante em alto relevo. Do catálogo 14 (PSGPe 1 – Casa 8) uma peça; do catálogo 18 (PSGPe 2 – Casa 2) uma peça; dos catálogos 27, 32 e 36 (PSGPe 3 – Praça Cel. Pedro Osório) oito peças. Com esta reduzida amostragem de frascos de medicamentos no segundo loteamento, século XIX e primeiros cinquenta anos do XX, insuficiente para comparativos de hábitos de consumos entre as residências da elite e os despojos públicos na praça, evidenciamos procedências estrangeiras de cinco produtos (um da França e quatro dos Estados Unidos), e nacionais sendo um de Porto Alegre e cinco de Pelotas. Os medicamentos formulados e produzidos em Pelotas foram predominantes nas coletas do sítio PSGPe 3.