Desastres hidrológicos e efeitos na saúde pré e neonatal
Resumo
A presente pesquisa tem como objetivo medir os efeitos dos desastres hidrológicos nos indicadores de saúde pré natal e neonatal de recém-nascidos no Brasil. Para isso, coletamos dados mensais sobre o número de consultas pré-natais, as pontuações de Apgar 1 e Apgar 5, dados de peso ao nascer, tempo gestacional e a ocorrência de desastres hidrológicos entre 2000 a 2020 nos municípios brasileiros. Na primeira etapa, investigamos o impacto dos desastres hidrológicos, nas variáveis de interesse citadas acima, no período de oitos meses antecedentes ao parto até o nascimento do neonato. Na segunda etapa do trabalho, utilizamos dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) para avaliar o impacto dos desastres hidrológicos na saúde das gestantes internadas por meio dos diagnósticos de doenças relacionadas à exposição à água contaminada, usadas nesse trabalho como teste de canais entre a relação da saúde materna com o neonato. Os resultados indicam que as macrorregiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste foram as mais afetadas por desastres naturais nos indicadores de saúde pré-natal e neonatal, com percentuais elevados de Baixo Apgar1 e Baixo Apgar5, em nível nacional, observou-se redução significativa na proporção de consultas pré-natais, evidenciando o impacto desses eventos na saúde materno-infantil. Além disso, o aumento de doenças como leptospirose, dengue e diarreias agudas, associadas a desastres, mostrou-se correlacionado à morbidade materna e neonatal, o estudo apresenta limitações, como a dependência de dados secundários relacionado a morbidades para grande parte dos municípios impossibilitando uma análise robusta, e a complexidade de fatores socioeconômicos não totalmente explorados. Em termos de políticas públicas, os resultados reforçam a necessidade de fortalecer a resiliência do sistema de saúde, ampliar o acesso ao pré-natal de qualidade e implementar ações intersetoriais para reduzir a vulnerabilidade das populações afetadas.