Fatores associados ao escore-z de peso em prematuros de muito baixo peso e extremo baixo peso ao nascer durante a internação hospitalar

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Data
2025-03-13Autor
Nunes, Eduarda Couto Plácido
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Introdução: a prematuridade é um problema de saúde pública em nível global,
correspondendo a 9,9% dos nascimentos em 2020. No Brasil, a taxa é semelhante,
sendo a prematuridade a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco
anos. Os recém-nascidos prematuros (RNPT) com muito baixo peso ao nascer (MBPN)
e extremo baixo peso ao nascer (EBPN) representam 15% desta taxa e requerem mais
atenção sobre seu crescimento e fatores associados, especialmente no início da vida
pós-natal. Objetivo: investigar o comportamento do escore-z (e-z) de peso e fatores
associados RNPT com MBPN e EBPN, comparando-os aqueles com baixo peso ao
nascer (BPN), durante quatro semanas de internação, em unidade de terapia intensiva
neonatal (UTIN). Métodos: estudo longitudinal, com dados de registros de RNPT da
UTIN, de um hospital universitário no sul do Brasil. Foram obtidos dados de pacientes
admitidos dentro das primeiras 48h de vida, no período de janeiro de 2017 a dezembro
de 2020. Foram incluídos RNPT de ambos os sexos, não gemelares, com idade
gestacional ≥24 e <37 semanas, com peso ao nascer (PN) ≥500g, recebendo nutrientes
por via parenteral/enteral. No total, foram obtidos registros de 558 RNPT, dos quais 297
foram excluídos, se observou 29 óbitos e 261 foram incluídos neste estudo. Os dados
dos prematuros elegíveis foram categorizados em cinco fases, conforme o número de
dias de internação, atendendo aos seguintes critérios: Admissão) do nascimento até 48
horas de vida; Semana 1) 5 a 7 dias; Semana 2) 12 a 14 dias; Semana 3) 19 a 21 dias e
Semana 4) 26 a 28 dias. Dentre os RNPT incluídos 213, 125, 82 e 54 permaneceram
internados na UTIN nas semanas 1, 2, 3 e 4, respectivamente. O desfecho foi o e-z de
peso, a exposição foi o PN do RNPT, categorizados em: 1) MBPN e EBPN: < 1500g e
2) BPN: ≥1500g até 2500g. Avaliou-se os aportes de energia (kcal/kg/dia) e proteína
(g/kg/dia). As análises foram realizadas no JAMOVI, versão 2.5. ANOVA de dois fatores
e regressão linear múltipla avaliaram associação entre fatores demográficos, clínicos e
nutricionais e o comportamento do e-z de peso. Resultados: dentre os RNPT, 60% eram
do sexo masculino, 65% tinham peso ≥1500g, 80% síndrome da angústia respiratória,
41% e 27% tiveram sepse e icterícia, respectivamente. observou-se interação
significativa entre a categoria de PN e o tempo de internação sobre o e-z (F=4,0;
p=0,003). No grupo MBPN e EBPN o e-z de peso foi significativamente menor na primeira
semana de internação, comparado ao grupo BPN [-1,05 (-1,34;-0,75) vs -0,34 (-0,49;-
0,18), e-z]. Os fatores associados foram o sexo masculino, sepse, início da nutrição
enteral (NE), aporte de proteína (F=9,19; p<0,001). Conclusão: o comportamento
descendente da curva de e-z de peso foi associada a interação entre PN e tempo de
hospitalização em RNPT com MBPN e EBPN. Além disso, fatores como o sexo
masculino e a presença de sepse contribuíram para o declínio observado. Por outro lado,
o início da NE antes de 24h de internação e o aporte de proteína acima 2,0g/kg/dia nos
primeiros dias de vida, mitigaram a queda do e-z. Contudo, esses fatores não foram
suficientes para coibir o déficit nutricional em RNPT com MBPN e EBPN, comparados
ao com BPN.