Livros Escolares de Aritmética que circularam na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (1822-1889)
Resumo
O estudo apresenta uma pesquisa realizada no campo da História da Educação
Matemática a partir de temáticas relativas à circulação de impressos escolares no
período Imperial brasileiro. Assim, tem como objetivo geral, analisar o processo de
circulação de livros escolares de Aritmética na Província de São Pedro do Rio Grande
do Sul durante o período imperial (1822-1889). No estado do conhecimento buscou se pesquisas (teses, dissertações e artigos) relacionadas às questões em torno desta
investigação. Desse empreendimento, foram identificados, ao final, 24 livros
escolares, de 19 autores, editados principalmente na Província, predominantemente
nas cidades de Porto Alegre e Pelotas. Essas obras foram localizadas em sites como
o da Hemeroteca Digital, anúncios em periódicos da época, notícias de casas
editoriais da Região, assim como foi realizada busca em bibliotecas físicas como a
Biblioteca Pública de Pelotas, Biblioteca Pública de Rio Grande, CEDOC- Centro de
Estudos e Investigações em História da Educação, Arquivo Público do Estado do Rio
Grande do Sul, Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul. Quanto aos autores, esses
eram figuras de notório saber, na maioria professores de “aulas avulsas” ou de escolas
de instrução pública ou particulares. De modo geral, eles produziam livros, cartilhas,
compêndios ou manuais que serviam, inicialmente, como texto base para o ensino de
aritmética para seus alunos ou outros professores. As tipografias, nas quais eram
impressos os jornais, eram as mesmas responsáveis pela produção desses livros. A
tiragem era pequena e os livros eram vendidos em armazéns e boticas, junto a outras
mercadorias. Lentamente, com a organização do ensino, quer seja por iniciativa do
Império, quer seja por iniciativa particular, houve um aumento na variedade e tiragem
dos livros escolares. Ao todo, foram identificados 11 estabelecimentos, entre
tipografias e editoras que produziram e comercializaram as obras identificadas.
Desses, nove localizavam-se na Província, uma em Portugal e outra no Rio de
Janeiro. Outro aspecto que vale menção é o fato de os livros produzidos nesse período
terem passado por uma mudança quanto ao objetivo, se incialmente tinham como foco
o professor, passaram a ser elaborados com o aluno como objetivo, uma vez que
passaram a incluir exercícios que tinham como foco o aprendizado. Em conformidade
com nosso principal referencial teórico Alain Choppin, concluímos que o livro escolar
é um produto cultural derivado de avanços das técnicas de produção, das mudanças
no universo editorial, dos cenários econômicos, da natureza política e legislativa.
Nesse cenário, acredita-se o livro escolar começou a ser valorizado e popularizado
nos períodos subsequentes à análise aqui empreendida.