dc.description.abstract | A utilização da madeira tem uma estreita ligação com a história da humanidade. Esta nobre matéria-prima sempre participou de forma decisiva nos avanços tecnológicos das civilizações. Seja como uma ferramenta de trabalho, seja na estrutura de uma edificação ou como componente de um meio de transporte, ela sempre foi utilizada pelo homem de forma intensa ao longo dos tempos. O uso da madeira está associado às suas inúmeras propriedades, que a tornam um material sem similar, de qualidade diferenciada e de uso múltiplo, particularmente considerando a diversidade de espécies f lorestais com potencial madeireiro. Outro aspecto que garante e sinaliza para a continuidade do uso intensivo da madeira é o fato de ter potencialidade para ser um recurso natural renovável, contrapondo materiais oriundos de fontes f initas. Para tanto, a produção de madeira deve ser tratada de forma racional, dando ênfase aos plantios florestais, especificamente destinados à obtenção dessa matéria-prima, eliminando formas extrativistas e predatórias que visam meramente ao corte de árvores de espécies nativas, sem qualquer preocupação com a sucessão florestal ou a degradação dos ecossistemas florestais. Com isso, ao serem adotadas práticas corretas para a produção de madeira, como a partir de plantios florestais, considerando tanto espécies nativas como exóticas, ou o manejo sustentado em florestas naturais, tem-se, de forma permanente, a disponibilidade de madeira, tornando-a um recurso natural renovável. Apesar de tantas qualidades, a madeira também apresenta suas restrições. Entre as características indesejáveis da madeira, destacam--se as variações dimensionais, a flamabilidade e a deterioração. A deterioração é um dos principais fatores que comprometem o uso da madeira, abreviando sua vida útil, o que muitas vezes a torna um material pouco competitivo e desinteressante, se comparado a outros materiais de maior durabilidade. A madeira pode ser deteriorada por fenômenos físicos, químicos, desgastes mecânicos e pela ação de agentes biológicos. A deterioração causada por agentes biológicos, denominada de biodeterioração, proporciona os maiores problemas e restrições ao uso da madeira. Como ela é de origem orgânica, está suscetível à ação desses agentes biodeterioradores, que buscam nela sua fonte de alimento e abrigo. Os principais grupos de agentes causadores da deterioração da madeira são constituídos por bactérias, fungos, insetos, crustáceos e moluscos, dos quais destacam-se fungos e insetos como os maiores responsáveis por sua deterioração. Nesse contexto, a presente publicação tem por objetivo ser um material didático aos interessados pela biodeterioração da madeira, apresentando conceitos, definições e características dos principais grupos de biodeterioradores, assim como a caracterização de seus danos à madeira. Este material foi elaborado a partir das experiências e vivências dos autores junto ao Laboratório de Biodegradação da Madeira (LBM) do Centro de Engenharias (CEng) da Universidade de Pelotas (UFPel), da docência da disciplina de Biodegradação e Preservação da Madeira do Curso de Engenharia Industrial Madeireira da UFPel e de uma ampla e profunda revisão de literatura sobre o tema. | pt_BR |