Produção e qualidade de sementes de Paspalum notatum Flügge: impactos do arranjo de plantas, do momento da colheita e do estresse hídrico durante o estágio reprodutivo
Resumo
O presente trabalho objetivou determinar o momento adequado para colheita das
sementes de grama forquilha tetraplóide e estudar fatores associados à semeadura
(densidade e espaçamento) que proporcionem elevadas produtividades de sementes
logo no primeiro ano de implantação, bem como avaliar os mecanismos fisiológicos e
bioquímicos desta mesma espécie quando exposta ao estresse hídrico no estágio
reprodutivo e seus impactos na produção e qualidade das sementes. Os resultados
obtidos mostram que a implantação via semeadura de 230 sementes viáveis m²
possibilitou elevado rendimento de sementes no primeiro ano de implantação (315kg
ha-1). A produtividade de sementes no segundo ano após a implantação não foi
afetada pelos fatores associados a semeadura. A maturação das sementes de grama
forquilha tetraplóide é um processo desuniforme e que o momento adequado para
colheita das sementes – com base no percentual de sementes viáveis – pode ser
determinado a partir de dois indicativos: o primeiro é visual, o qual está vinculado à
presença inicial de degrana em aproximadamente 10%, enquanto o segundo é um
método direto, com base na umidade das sementes, em que um percentual igual ou
inferior a 33% deve ser preconizado. Na avaliação dos impactos do estresse hídrico,
plantas diplóides e tetraplóides cresceram em casa de vegetação sob condições bem
irrigadas até o aparecimento das primeiras inflorescências, quando o déficit e o
excesso hídrico foram introduzidos e mantidos por dez dias. O desempenho
fotossintético de plantas diplóides e tetraplóides não foi afetado pelo alagamento. Em
contrapartida, a baixa disponibilidade de água diminuiu a condutância estomática,
aumentou a temperatura foliar e resultou na diminuição da taxa de assimilação dos
dois genótipos. A atividade da superóxido dismutase nas raízes foi semelhante (sob
alagamento) e ainda menor (na seca) à observada nas plantas controle. As raízes das
plantas expostas ao déficit hídrico mantiveram um acúmulo de biomassa semelhante
ao das plantas controle. Em folhas de plantas previamente expostas à seca, a prolina
foi maior mesmo em recuperação. Enquanto as plantas tetraplóides apresentaram
maior estabilidade nas características reprodutivas, as plantas diplóides submetidas
ao alagamento apresentaram mais inflorescências, porém o número total de sementes
formadas por planta foi reduzido pela seca. Os resultados indicam que a síntese de
osmoprotetores e a ativação da maquinaria antioxidante são estratégias importantes
na tolerância de grama forquilha ao estresse hídrico na fase reprodutiva.