Sintomas depressivos e consumo alimentar em adultos e idosos brasileiros: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 e 2019

Data
2023-12-01Autor
Schiatti, Jéssica Carollina Von Schusterschitz Soares
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A relação entre saúde mental e alimentação apresenta natureza bidirecional e a
maneira como nos alimentamos pode contribuir tanto para a incidência de
transtornos mentais, quanto auxiliar na prevenção e no tratamento dos mesmos.
Os agravos relacionados aos transtornos mentais e ao consumo alimentar
inadequado dos brasileiros representam importante problema de saúde pública
devido à alta prevalência e magnitude na população. Assim, inquéritos de base
populacional são ferramentas essenciais para identificar demandas prioritárias
de atenção à saúde, pois possibilitam estimar a prevalência de problemas de
saúde pública, como os sintomas depressivos e o consumo alimentar a nível
nacional. Diante disto, o presente estudo teve por objetivo avaliar a associação
entre sintomas depressivos e consumo alimentar em adultos e idosos brasileiros.
Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, para o qual foram
utilizados os dados da Pesquisa Nacional de Saúde dos anos de 2013 e de 2019.
Indicadores referentes a sintomas depressivos, consumo alimentar e
características socioeconômicas e demográficas foram analisados. A análise dos
dados teve como exposição os sintomas depressivos medidos através do Patient
Health Questionnaire-9 e caracterizado de duas formas diferentes: utilizando
ponto de corte ≥9 pontos e segundo o Manual Estatístico de Desordens Mentais.
O desfecho, consumo alimentar, foi medido através do escore de consumo
alimentar não saudável. Para verificar a associação entre a saúde mental dos
entrevistados e o consumo alimentar foram utilizados modelos de regressão
linear brutos e ajustados. A análise da associação entre sintomas depressivos e
o escore de alimentação não saudável mostrou que o escore médio de
alimentação não saudável foi significativamente maior em indivíduos que
possuíam sintomas depressivos, independente do critério utilizado para
definição do desfecho. Análise de sensibilidade indicou que indivíduos com
sintomas depressivos apresentaram, especificamente, menor prevalência de
consumo regular de feijão, de legumes e verduras, de frutas e leites, enquanto o
consumo regular de bebidas adoçadas e de doces se mostrou maior. Em
conclusão o estudo observou que tanto em 2013 quanto em 2019, indivíduos
com sintomas depressivos apresentaram pior qualidade da dieta, com menor
consumo regular de marcadores de alimentação saudável e maior prevalência
de consumo regular de alimentos marcadores de risco.