Eventos ENOS com consequências anômalas na Bacia Hidrográfica Mirim São Gonçalo, RS, Brasil

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Data
2023-02-27Autor
Fernandes, Renata Knorr Ungaretti
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O Rio Grande do Sul (RS) encontra-se em uma região com topografia irregular, favorável à atuação de diversos fenômenos meteorológicos que afetam o tempo e o clima do Estado. Algumas oscilações climáticas influenciam a precipitação no continente, a exemplo do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS), que exerce influência nos eventos extremos, os quais estão associados a impactos sociais e econômicos. Diversas pesquisas mostram que na região sul do Brasil o fenômeno El Niño está associado a precipitação acima da normal climatológica, enquanto o La Niña está associado a precipitação abaixo da normal climatológica. A pesquisa está inserida na parte brasileira da Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo, uma das principais bacias hidrográficas transfronteiriças da América do Sul, a qual possui um importante valor ambiental e econômico para o RS e para o Uruguai. Diante disso, o objetivo é analisar casos (exceções) em que o El Niño não acarretou mais precipitação para a bacia, bem como os casos em que o La Niña não acarretou estiagem. A análise dos casos anômalos (consequências no regime de precipitação) na Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo foi realizada observando se outras oscilações climáticas interferiram nos casos anômalos. A metodologia consiste na utilização de dados observados das séries históricas 1981-2020 de precipitação das estações meteorológicas, disponíveis pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), assim como o índice ONI (NOAA,2022) e pelos índices SAM e IASAS (SOUZA e REBOITA, 2021). Analisando todas as estações pluviométricas da bacia, identificou-se 118 casos anômalos de precipitação, 65 corresponderam a casos de déficit de precipitação sob influência do fenômeno El Niño e 53 ao excesso, durante a fase de La Niña. Observou-se que Arroio Grande e Ponte Cordeiro de Farias foram as estações pluviométricas que apresentaram anomalias de precipitação em ambas as fases. No geral dos casos, a estação do ano que mais apresentou anomalia de precipitação foi o verão com 41 dos casos, e a que menos apresentou foi a primavera, com 12 casos. Durante o período em estudo ocorreram 47 eventos ENOS e, destes, em 31 houve a detecção de ao menos um caso de precipitação anômala em alguma das 15 estações da bacia. Verificou-se que a intensidade do ENOS na maioria dos casos é fraca. Os índices SAM e IASAS poderiam influenciar em 20 casos, todavia 11 eventos ENOS com consequências anômalas nem o SAM nem o IASAS explicam.