Detecção e identificação molecular de vírus e Nosema spp. que acometem Apis mellifera

Visualizar/ Abrir
Data
2020-01-06Autor
Chagas, Domitila Brzoskowski
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As abelhas são insetos de grande importância na agricultura, cumprindo um papel
muito importante na polinização e renovação do ecossistema. No entanto, em
diversos países têm sido relatadas perdas significativas de colônias e declínio da
população de abelhas melíferas. No Brasil, poucos dados estão disponíveis sobre as
causas destas perdas, principalmente na região sul do país, onde a maior
mortalidade de abelhas foi relatada. A diminuição no número de abelhas é
relacionado à multifatores, sendo os patógenos, como vírus, ácaro Varroa e
microsporídio Nosema spp., uma das possíveis causas. Os principais vírus de
abelhas pertencem à ordem Picornavirales, e são classificados na família Iflaviridae
e Dicistroviridae. O vírus da paralisia crônica (CBPV) não foi classificado em família.
O presente estudo teve como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica sobre os
vírus que afetam abelhas e determinar a ocorrência dos principais vírus no sul do
Brasil. Com o primeiro estudo foi possível concluir que os vírus afetam a saúde das
abelhas e contribuem para a perda de colônias e que a compreensão do papel do
patógeno nos hospedeiros levará à descoberta de novos vírus, além de esclarecer
as rotas de transmissão, a associação com outros parasitas, os sintomas da doença
e o desenvolvimento de estratégias de prevenção. Em um segundo estudo, foi
determinada a ocorrência do BQCV em apiários do sul do Brasil. O vírus da realeira
negra (BQCV) foi identificado em 37,9% (25/66) de colônias de Apis mellifera
coletadas de 13 apiários nas cidades de Canguçu, Piratini e Arroio do Padre. A
presença do RNA viral foi identificada apenas em amostras de abelhas adultas. Em
um terceiro estudo, foi determinada a ocorrência do ABPV, BQCV, CBPV, DWV,
IAPV e SBV com RT-PCR multiplex e do Nosema cerenae e Nosema apis com PCR
multiplex em municípios do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC). O BQCV
foi detectado em 36% (38/105) dos apiários no estado do RS, o ABPV em 3%
(3/105) e o DWV em 1% (1/105). No estado de SC, foi identificado o BQCV em 8,5%
(5/59) das amostras e o DWV em 1,7% (1/59). O DNA de Nosema cerenae foi
identificado em 59% (59/100), sendo em 23% (23/100) associado ao BQCV. Assim,
os resultados obtidos demonstram a alta ocorrência do BQCV e de Nosema cerenae
em apiários do sul do Brasil, e a presença do ABPV e DWV. Espera-se com este
estudo contribuir para a epidemiologia das doenças virais de abelhas, auxiliando no
diagnóstico e na busca por medidas de prevenção e controle.