Estrógeno e prostaglandina F2 alfa no controle de funções reprodutivas em fêmeas bovinas
Resumo
A eficiência reprodutiva repercute sobre a produtividade e lucratividade da
bovinocultura e pode ser influenciada por diversos fatores, dentre eles os transtornos
uterinos e a eficiência na manipulação do ciclo estral e ovulação. No primeiro
estudo, objetivou-se revisar e discutir aspectos relacionados à exposição ao
estrógeno para prevenção ou terapia de transtornos reprodutivos, com foco no
ambiente uterino. Com base nesta revisão, foi possível concluir que o estrógeno
possui importante papel no ambiente uterino, porém, quando utilizado em doses
isoladas, não se observou efeitos benéficos na terapia ou profilaxia de enfermidades
uterinas. Entretanto, quando vacas repetidoras de serviço foram submetidas à
exposição prolongada ao estrógeno, em protocolos de indução artificial a lactação,
observou-se efeitos benéficos sobre o desempenho reprodutivo desses animais,
tornando importante investigar de maneira controlada o efeito do estrógeno sobre a
fertilidade. Posteriormente, sabendo que a manipulação do ciclo estral e indução da
ovulação é indispensável para o uso de inseminação artificial em tempo fixo (IATF),
já foi demonstrado que a prostaglandina F2α (PGF) é importante no processo
ovulatório, porém seu mecanismo de ação ainda não foi elucidado, tornando
justificável a validação de um modelo in vivo para o estudo da função das
prostaglandinas na ovulação. Neste sentido, no segundo estudo buscou-se avaliar o
efeito do anti-inflamatório não esteroidal (AINE) flunixina meglumina (FM; 2,2
mg/Kg), inibidor de cicloxigenases, sobre as concentrações de PGF e seu
metabólito (13,14-di-hidro-15-ceto-PGF, PGFM) no fluído folicular (FF); verificar se a
aplicação por via parenteral de um análogo de PGF (dinoprost trometamina; 25 mg)
seria capaz de alterar as concentrações intrafoliculares de PGF e PGFM; e avaliar o
efeito do AINE FM sobre a ovulação e função luteal subsequente. Para isso, vacas
Jersey cíclicas (n=18) foram submetidas a um protocolo de sincronização de estro,
e, após a aplicação de GnRH, foram alocadas em três grupos, de acordo com o
diâmetro folicular (>11 mm) CONTROLE (n=6), não tratado; AINE FM (n=6), que
recebeu uma aplicação de FM 17 h após o GnRH; e AINE FM + PGF (n=6), no qual
foi administrado FM 17 h após o GnRH e PGF 23 h após GnRH. O FF foi coletado
24 h após o GnRH, sendo demonstrado maior concentração de PGFM no grupo
AINE FM + PGF e maior concentração de PGF no grupo CONTROLE (P< 0,01).
Para avaliar a ovulação e função luteal, vacas Jersey cíclicas (n=19) foram
sincronizadas e, após a aplicação de GnRH, distribuídas em dois grupos, de acordo
com o diâmetro folicular (>11 mm): CONTROLE (n=10), não tratado; e AINE FM
(n=9), submetido a uma dose de FM 17 h após o GnRH. Os folículos foram
acompanhados até 42 h após o GnRH e a coleta de sangue para dosagem de progesterona foi realizada cinco dias após o GnRH, todos os animais do controle e
seis animais do AINE FM ovularam até 42 h após GnRH e as concentrações de
progesterona sérica não diferiram entre os grupos (P>0,05). Com base nos nossos
achados, é possível concluir que a FM foi capaz de inibir a síntese de PGF no
interior do folículo e que a aplicação parenteral de PGF não alterou as
concentrações intrafoliculares de PGF. A administração de uma dose de FM na fase
final do processo ovulatório não afetou a ovulação e a síntese de progesterona pelo
corpo lúteo subsequente. Por outro lado, é necessário testar outros AINEs para
estabelecer um modelo de inibição da ovulação por via sistêmica para o estudo da
função das prostaglandinas neste processo na espécie bovina.