Influência da administração prévia de gabapentina e intervenção com práticas integrativas sobre o estresse no atendimento de felinos
Resumo
O atendimento clínico aos felinos domésticos representa uma dificuldade aos
médicos veterinários, principalmente pelas características comportamentais
peculiares da espécie, que, dentre outros motivos, são decorrentes da
domesticação mais recente. Nesse contexto, o atendimento especializado visa
reduzir o estresse durante as consultas diminuindo o risco de acidentes e
aumentando o bem-estar dos animais. Nesse intuito as práticas integrativas
(musicoterapia, feromonioterapia e cromoterapia) são descritas como métodos
não invasivos e complementares ao manejo dos animais. A intervenção
farmacológica com gabapentina previamente a consulta de felinos vem sendo
descrita como uma alternativa eficiente, diminuindo o estresse durante o
atendimento. Diante do exposto, o objeto deste estudo foi avaliar a influência da
administração prévia de gabapentina e intervenção com diferentes práticas
integrativas sob o estresse no atendimento de felinos. Foram incluídos 20 felinos
hígidos e os animais foram submetidos a três tratamentos: placebo (PL),
gabapentina (GA) e práticas integrativas (PR). Cada tratamento foi realizado em
um dia diferente com intervalo de 7 dias entre eles. A administração da
gabapentina foi realizada 90 minutos previamente ao transporte dos felinos até
o hospital veterinário. As práticas integrativas incluídas foram cromoterapia,
musicoterapia e feromonioterapia, aplicadas simultaneamente durante 30
minutos previamente a consulta. A avaliação do estresse foi segundo Kessler &
Turner (1997). A comparação entre os grupos foi realizada por meio de análise
de variância para amostras pareadas, seguido do teste da diferença mínima
significativa, considerando um intervalo de confiança mínimo de 95% em todas
as análises estatísticas. Durante o estudo, observou-se que a média do escore
de estresse foi de 2,95 para o grupo placebo, 2,75 para o grupo gabapentina e
2,65 para o grupo práticas integrativas. Não houve diferença estatística nos
escores de estresse entre os grupos de tratamento e placebo. Na frequência
cardíaca, o grupo gabapentina apresentou maior valor médio (159bpm) seguido
pelo grupo placebo (156bpm) e pelo grupo práticas integrativas (153bpm). Na
frequência respiratória, os grupos placebo e gabapentina apresentaram o
mesmo valor (45mpm), que foi maior que o valor obtido pelo grupo práticas
integrativas (42mpm). Foi evidenciado nesta pesquisa, que os tratamentos não
influenciaram nos parâmetros hematológicos e nas concentrações séricas de
marcadores bioquímicos dos felinos. A média glicêmica foi mais alta no grupo
gabapentina (118mg/dL) seguido pelo grupo práticas integrativas (117 mg/dL) e
pelo grupo placebo (98 mg/dL), não havendo diferença estatística entre os grupos. Na análise do cortisol a média da concentração do grupo placebo (7,3
ug/dL) foi maior quando comparada a média da concentração de gabapentina
(4,9ug/dL) e práticas integrativas (4,1ug/dL), apresentando diferença estatística
entre os grupos (PL e GA, PL e PR), demonstrando que os tratamentos foram
efetivos na diminuição do estresse, de acordo como valor de cortisol. O estudo
evidenciou que a utilização de gabapentina, assim como cromoterapia,
feromônioterapia e musicoterapia no ambiente de consultório atenuaram a
ansiedade em gatos.