Estudo da contaminação ambiental por parasitos zoonóticos no entorno e interior de escolas municipais e praias de Pelotas, RS, Brasil, e relação do grau da carga parasitária com parâmetros hematológicos de cães
Resumo
Atualmente, cães e gatos fazem parte da estrutura familiar, sendo considerados
muitas vezes como membros da família. Porém, para que esta relação seja
harmônica, deve-se ter cuidado com a saúde destes animais, pois são hospedeiros
de diversos parasitos potencialmente zoonóticos, que podem contaminar o ambiente
através das fezes, representando uma fonte de infecção para outros animais e
também para o homem. Um fator envolvido rotineiramente na clínica veterinária com
a resposta imune a parasitos junto à realização da técnica de hemograma é a
detecção de eosinofilia, porém, não existem trabalhos demonstrando uma co-relação
associada ao grau de parasitismo e a eosinofilia em cães. Assim, o objetivo desta tese
foi analisar a prevalência de parasitos potencialmente zoonóticos no entorno e interior
de escolas municipais e praias de Pelotas, RS, Brasil, e determinar a relação do grau
da carga parasitária com parâmetros hematológicos de cães. O primeiro artigo teve
como objetivo identificar a presença de ovos, cistos e oocistos de parasitos
potencialmente zoonóticos, em amostras fecais de cães e gatos no entorno das
escolas municipais de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil e em amostras de areia de
suas praças de recreação. O material foi coletado em 41 escolas, dos sete bairros da
cidade. As amostras de fezes foram analisadas através das técnicas de Willis Mollay;
Faust e Hoffmann, Pons e Janer. A areia, por sua vez, através das técnicas de
centrifugo flutuação; Hoffmann, Pons e Janer e de Rugai. 71,3% (119/167) das
amostras fecais foram positivas para parasitos, sendo Ancylostoma o gênero mais
prevalente, identificado em 52,1% das amostras. Nas areias houve predomínio de
Toxocara spp., e Ancylostoma spp., observados em 18,7% e 14,8% respectivamente
das praças de recreação. O segundo artigo objetivou determinar a prevalência de
formas evolutivas de parasitos gastrintestinais de cães em amostras fecais coletadas
nas praias do município de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Foram coletadas, entre
os meses de setembro de 2018 e agosto de 2019, 12 amostras mensais em cada uma
das três praias estudadas, totalizando 36 amostras mensais e 432 no total. As técnicas
utilizadas para análise foram: Willis-Mollay; Faust e Hoffman, Pons e Janer. 73,4%
(317/432) das amostras foram positivas para algum gênero de parasito. Ovos de
Ancylostoma spp. foram os prevalente em todas as praias, presente em 54,6% das
amostras. O terceiro artigo buscou determinar a frequência de parasitos
gastrintestinais e hemoparasitos em cães e gatos atendidos na rotina hospitalar do
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Pelotas. Para este trabalho, foram
analisadas 114 amostras fecais (90 de cães e 24 de gatos) e 101 amostras de sangue
(93 de cães e 8 de gatos). As técnicas coproparasitológicas utilizadas foram: Willis
Mollay; Faust e Hoffmann, Pons e Janer. A pesquisa de hemoparasitos foi realizada através do esfregaço sanguíneo corado com panótico rápido. 55,5% e 41,7% das
amostras fecais de cães e gatos, respectivamente, foram positivas para parasitos
gastrintestinais, sendo Ancylostoma spp. prevalente nos cães e Toxocara spp. nos
gatos. Das amostras de sangue de cães, 35,5% estavam positivas para
hemoparasitos, enquanto nos gatos, a positividade foi de 12,5%. O quarto artigo é o
relato de caso de Platinosomose em dois felinos domésticos no município de Pelotas,
RS. Esta enfermidade é causada pelo trematódeo Platynosomum spp., e acomete
principalmente o fígado e os ductos biliares, sendo responsável por quadros de
colangite crônica. Este relato teve como objetivo descrever o diagnóstico
coproparasitológico e o tratamento desta enfermidade. Por fim, o quinto artigo teve
como objetivo relacionar o grau da carga parasitária, com a eosinofilia em cães. Foram
utilizadas amostras fecais e de sangue de 86 cães naturalmente parasitados,
agrupados em três grupos, de acordo com a carga parasitária: Grupo A (1 a 500 ovos);
Grupo B (501 a 1000 ovos) e Grupo C (acima de 1000 ovos). Animais com histórico
de doenças estimuladoras de eosinofilia não foram incluídos no estudo. Foi observada
eosinofilia em 40,7% dos cães, sendo este parâmetro sanguíneo, o único que
apresentou diferença estatística significativa entre os grupos, indicando que o
aumento da carga parasitária está relacionada com quadros de eosinofilia.