Efeito neuroprotetor do extrato de amora preta (Rubus sp.) em mecanismos associados ao desenvolvimento e a progressão da Doença de Alzheimer: um estudo em modelos pré-clínicos
Resumo
A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa, progressiva e
irreversível que acarreta em perda de memória e declínio cognitivo. Dentre os
mecanismos fisiopatológicos envolvidos na DA, pode-se citar o déficit
colinérgico, a neuroinflamação, o estresse oxidativo, a hiperfosforilação da
proteína Tau (p-Tau) e alterações no metabolismo cerebral da glicose.
Considerando que os fármacos disponíveis para o tratamento da DA apenas
amenizam os sintomas, é necessário a busca por novas alternativas
farmacológicas que possam auxiliar na prevenção e na progressão desta
doença. A amora preta (Rubus sp.) é um fruto rico em compostos bioativos, como
por exemplo, as antocianinas. Dados da literatura tem demonstrado que o extrato
deste fruto apresenta atividade neuroprotetora em diferentes modelos
experimentais. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial terapêutico
do extrato de Rubus sp. em modelos pré-clínicos da DA. Ratos Wistar adultos
machos foram submetidos a um modelo experimental de amnésia ou de
demência esporádica do tipo Alzheimer, induzidos por escopolamina (SCO 1
mg/kg) e estreptozotocina (STZ 3 mg/kg), respectivamente. No modelo de SCO,
os animais receberam o extrato de Rubus sp. por via intragástrica nas
concentrações de 100 e 200 mg/kg durante 10 dias. No protocolo do STZ, os
animais receberam injeção intracerebroventricular de STZ e os animais foram
tratados com extrato de amora preta (100 e 200 mg/kg) por 21 dias. No final de
cada protocolo experimental foram realizados testes comportamentais para
avaliar a memória e após, os animais foram submetidos a eutanásia e o córtex
cerebral, hipocampo e cerebelo foram coletados para as análises bioquímicas.
No protocolo com SCO, o donepezil foi utilizado como controle positivo e no
protocolo da STZ, a metformina foi usada como controle positivo. Em ambos os
protocolos, o extrato de Rubus sp. foi capaz de prevenir ou reverter os déficits
de memória, estresse oxidativo e o aumento da atividade da acetilcolinesterase
(AChE). No protocolo da SCO, observou-se que o extrato de Rubus sp. possui
efeito semelhante ao donepezil. No protocolo do STZ, o extrato de Rubus sp.
também preveniu o aumento de interleucina 6 (IL-6) em hipocampo, e as
alterações na expressão gênica de GSK3β e Nrf2 induzidas pelo STZ. A
metformina, utilizada no protocolo da STZ teve efeitos semelhantes ao extrato
de Rubus sp. Os resultados obtidos destacam que o extrato de Rubus sp. atua
em diversos alvos cerebrais, demonstrando assim seu o potencial neuroprotetor
e ressaltando a importância da investigação dos produtos naturais em doenças
que acometem o sistema nervoso central (SNC).