Avaliação do impacto de dietas hipercalóricas com diferentes percentuais de participação de alimentos ultraprocessados em parâmetros antropométricos, bioquímicos e oxidativos de ratos Wistar

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Data
2023-03-01Autor
Oliveira, Ana Carolina Teixeira de
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Um paralelo pode ser traçado entre o aumento na disponibilidade e consumo de
alimentos ultraprocessados e o crescimento da prevalência da obesidade no Brasil,
conforme demonstrado por evidências epidemiológicas. Os ultraprocessados são
formulações hipercalóricas e nutricionalmente desbalanceadas feitas a partir de um
extenso processamento industrial. A correlação entre o papel dos ultraprocessados
na obesidade é fortemente respaldada por estudos populacionais, entretanto, uma
importante lacuna de estudos clínicos e pré-clínicos visando o estabelecimento de
causalidade permanece a ser preenchida. Neste contexto, o presente trabalho
objetivou a avaliação do impacto de dietas com o mesmo conteúdo energético e
diferentes percentuais de participação de ultraprocessados em parâmetros de
ingestão alimentar, antropométricos, bioquímicos, endócrinos e oxidativos de ratos
Wistar. Os animais foram divididos entre grupo Controle (que recebeu ração comum
do biotério), grupo AIN-93G, (que recebeu dieta homônima e foi um controle positivo,
servindo como base para o valor calórico total das demais dietas), grupo POF e
grupo UP, os quais contaram com 20% e 40% de ultraprocessados na composição
da ração, respectivamente; os grupos intervenção utilizaram a Pesquisa dos
Orçamentos Familiares (POF 2017-18), uma pesquisa nutricional a nível nacional,
para definição dos alimentos de sua composição, objetivando a criação de um
modelo de obesidade induzida por dieta que representasse adequadamente a
alimentação brasileira. Os resultados obtidos demonstraram que a dieta POF causou
maior adiposidade independentemente de um maior consumo alimentar e calórico.
Foi observado também um aumento nos níveis de leptina e insulina neste grupo,
hormônios chave na regulação da homeostase energética, que apresentam ação
prejudicada na obesidade, corroborando com a hipótese de que estes alimentos
atuam desregulando o controle da fome e saciedade. Também, maiores níveis de
espécies reativas de oxigênio foram encontrados no grupo UP, entretanto não foi
demonstrado dano oxidativo em soro ou tecidos. Demais parâmetros analisados
tiveram pouca ou nenhuma alteração estatisticamente significativa. Os resultados
indicaram o potencial obesogênico da alimentação brasileira contemporânea e a
necessidade de mais estudos para o esclarecimento dos mecanismos envolvidos.
Em resumo foi possível obter evidências adicionais que dão suporte à importância
na redução do consumo de alimentos ultraprocessados para prevenção e tratamento
da obesidade no Brasil.