Por uma leitura pós-fundacional da representação política
Resumo
A presente tese defende que a suposta crise da representação política nada mais é, a partir de uma reflexão ontológica, que a identificação das lacunas que escapam à significação. Ancorados na ideia de que a representação é mais que mero
instrumento institucional dos governos representativos, temos como objetivo a elaboração de uma nova leitura da representação política a partir de pressupostos pós-fundacionais. Nosso entendimento é o de que a leitura de uma crise da representação não passa de uma crise dos governos representativos em responder às demandas de uma sociedade em constante transformação. Se esses governos foram até então o “fundamento” das sociedades democráticas contemporâneas, nos questionamos: o que há depois de sua crise? A nosso ver, certamente não a liquidação da representação, mas o deslocamento constante do sentido do ato de representar e de ser representado. Nessa perspectiva, a representação segue sendo uma invariante da política moderna, bem como uma condição substancial das democracias contemporâneas.