Avaliação do efeito da metionina e/ou metionina sulfóxido sobre o fenótipo de macrófagos e marcadores de inflamação.
Resumo
A hipermetioninemia é um erro inato do metabolismo (EIM) caracterizado pela
deficiência da enzima metionina adenosiltransferase (MAT), que pode resultar
em elevadas concentrações sanguíneas de metionina, além da presença de
metabólitos, como a metionina sulfóxido, o metanotiol e o sulfeto de hidrogênio
no plasma e na urina dos pacientes afetados por esta doença. Desta forma,
pacientes hipermetioninêmicos podem apresentar quadros de edema cerebral,
alteração psicomotora e distúrbios hepáticos envolvendo inflamação e estresse
oxidativo, cuja fisiopatologia não está completamente estabelecida. Dados da
literatura sugerem que uma dieta suplementada com metionina altera o status
pró-oxidante/antioxidante em cérebro e fígado de ratos. Outros estudos
revelam que os macrófagos, quando ativados, em resposta ao reconhecimento
de sinais de perigo como produtos microbianos, citocinas e mediadores
extravasados por células danificadas, tal como o ATP (Trifosfato de
Adenosina), apresentam maior capacidade de liberar mediadores próinflamatórios e citotóxicos como espécies reativas de oxigênio (ROS), espécies
reativas de nitrogênio (ERN), enzimas hidrolíticas, lipídios bioativos e citocinas.
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo investigar o efeito in vitro da
metionina e/ou metionina sulfóxido sobre o fenótipo de ativação demacrófagos
de camundongos e a avaliação de alguns parâmetros inflamatórios associados
com o estresse oxidativo e atividade das ectonucleotidases nestas células.
Nossos resultados mostraram que a exposição dos macrófagos in vitro a altas
concentrações de metionina (1mM) e/ou metionina sulfóxido (0.5 mM) induziu
a polarização dos macrófagos para um fenótipo de ativação M1/clássico, o qual
se relaciona com as respostas pró-inflamatórias caracterizadas pelo aumento
da atividade de iNOS (Óxido Nítrico Sintase induzida) e a liberação de TNF-α
(Fator de Necrose Tumoral - alfa). Além disto, o tratamento com metionina e/ou
metionina sulfóxido modulou diferencialmente a atividade das enzimas
antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) em cultura de
macrófagos. Entretanto, não foram observadas diferenças significativas da
atividade da enzima antioxidante glutationa peroxidase (GPx). Em relação as
ectonucleotidases, nossos resultados mostraram um aumento da atividade
ATPase/ADPásica em macrófagos. Em conjunto, nossos achados sugerem que
o tratamento in vitro de macrófagos com metionina e/ou metionina sulfóxido
induz o fenótipo de ativação clássica M1/pró-inflamatório, promove a
modulação da atividade das enzimas antioxidantes, bem como das
ectonucleotidases, os quais podem estar envolvidos na patofisiologia de
doenças, contribuindo, assim, para a ativação do sistema imune inflamatório
nos quadros de hipermetioninemia