Uma análise dos exercícios com sílabas em Diários de Classe de professoras alfabetizadoras (1973 - 2010)
Resumo
A presente Dissertação de Mestrado apresenta uma análise sobre os tipos e a recorrência de atividades envolvendo sílabas, observados em 68 Diários de Classe pertencentes a
professoras alfabetizadoras no período compreendido entre os anos de 1973 a 2010. Esses Diários pertencem ao acervo do Grupo de Pesquisa HISALES, vinculado à Universidade Federal de Pelotas/Faculdade de Educação. O intuito da pesquisa é compreender por que razão as atividades com sílabas são recorrentes e se mantiveram ao longo do período de abrangência. Este estudo está inserido no campo da história da alfabetização, que, no Brasil, segundo Maciel (2003), agrupa principalmente a problematização em torno da
alfabetização em dois eixos: os métodos de leitura e escrita e os manuais escolares cartilhas (MACIEL, 2003, p. 233). A pesquisa é de cunho qualitativo (LÜDKE & ANDRÉ, 1986), tendo como modelo epistemológico o paradigma indiciário proposto por Ginzburg (2011), que apresenta como pressuposto a busca de vestígios , pistas , indícios nos documentos pesquisados, objetivando encontrar nos detalhes o que é possível considerar como elementos relevantes para responder às questões da pesquisa. Em relação aos resultados encontrados, entre outras questões observadas, foi possível constatar a predominância dos métodos tradicionais de alfabetização nos planejamentos registrados nos Diários. Em relação especificamente ao trabalho com sílabas, as atividades mais recorrentes trabalhadas pelas professoras alfabetizadoras foram aquelas que privilegiam a cópia e a memorização de tais estruturas. O estudo também mostrou que a divulgação dos
estudos da Psicogênese da Língua Escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985) parece ter tido pouca influência nos planejamentos de grande parte dos Diários pesquisados. Tais
resultados apontam para a necessidade de que as atividades com sílabas sejam repensadas e resignificadas, considerando os estudos sobre a Psicogênese da Língua Escrita e os demais estudos na área da alfabetização que referenciam a escrita como um sistema notacional e não como um código a ser decifrado.